sexta-feira, 11 de abril de 2008

De olho na sua visão


Miopia, astigmatismo e hipermetropia são três dos problemas mais comuns para enxergar

Por Thaís Bronzo


A luz do sol, o colorido dos pássaros, giz de cera, lápis de cor e até mesmo as letras e as palavras aqui escritas. Reconhecemos estes e outros objetos sem precisar tocá-los, tudo porque enxergamos.

Mas, às vezes, o mecanismo que faz com que os olhos vejam o mundo a nossa volta pode ter alguns probleminhas. Como é o caso da engenheira química Vanessa de Oliveira Pereira, de 25 anos, que, aos sete, começou a sentir fortes dores de cabeça, principalmente quando lia. “Eu não sentia dificuldade de ler, mas sentia muita dor de cabeça, porque não conseguia perceber que forçava a visão para enxergar. O oftalmologista diagnosticou miopia e astigmatismo, inclusive o último era bem alto já naquela época”, relembra ela.

De acordo com o oftalmologista Adamo Lui Netto, que também é professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a miopia existe quando a pessoa, ao focalizar um objeto, o faz na frente da retina. “Neste caso, dependendo do grau da miopia, o indivíduo terá uma visão borrada para longe que será tanto mais borrada quanto maior for o grau da miopia. Entretanto, esse indivíduo terá uma qualidade de visão boa para perto. Aqui não podemos considerar nesse conceito as altas miopias, isto é, superiores a sete graus”, afirma.

“No astigmatismo, os raios luminosos que passam pelos meios transparentes do olho não podem ser focados no mesmo ponto da retina. A imagem retiniana será distorcida e, dependendo do grau, dará uma imagem ruim para longe e para perto”, esclarece o oftalmologista.

Outro problema comum na visão é a hipermetropia. “Neste caso, os raios luminosos que penetram no olho formam a imagem atrás da retina e, dependendo da idade da pessoa, poderá ter a visão borrada para perto e para longe. Acima dos 40 anos de idade deverá usar óculos para longe e para perto”, completa o especialista.

Os tratamentos de miopia, hipermetropia e astigmatismo devem ser realizados de forma conservadora. “Inicialmente tratamos com correção óptica que deve ser realizada com a prescrição adequada de óculos. Após certa idade e dependendo da necessidade de correção pode-se prescrever e adaptar lentes de contato. A partir dos 21 anos de idade, pode-se fazer a correção óptica por meio de cirurgia refrativa, desde que o olho comporte a correção desejada e o grau esteja estabilizado há mais de um ano”, conclui o oftalmologista.

Mitos e verdades sobre os olhos

Especialista dá dicas para ter uma boa visão

Quem nunca ouviu: ficar muito tempo em frente ao computador estraga a vista; leitura em locais escuros ou em ônibus e metrôs podem trazer problemas; o uso de óculos pode prejudicar os olhos?

Essas e outras crenças são comuns quando o tema é visão. No entanto, o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Mello, que também é professor de oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que existem mitos e verdades sobre os nossos olhos. Ele enumera alguns:

-Criança que tem lacrimejamento não é perigoso: isso é mito. Os olhos não lacrimejam, isso pode ser sinal de obstrução das vias lacrimais ou, pior, pode ser sinal de glaucoma congênito, que precisa ser tratado imediatamente.

-Secreção dos olhos da criança, principalmente no segundo dia de nascimento, não é normal. Deve-se procurar um oftalmologista. E é mito que pingar leite materno no olho melhora, isso pode até prejudicar.

-Estrabismo na criança precisa ser tratado precocemente, não pode esperar a criança entrar na escola ou deixar para mais tarde. A visão que não foi desenvolvida na infância não será desenvolvida na adolescência.

-‘Meu filho só enxerga de um olho, por isso não deixo ler o dia inteiro, para não forçar a vista’: é mito. Isso não força o olho pelo qual ele enxerga.

-O uso de óculos só serve para enxergar melhor ou para realizar alguma atividade, não aumenta nem diminui o grau. Só é imperativo o uso de óculos no tratamento de estrabismo e com graus muito diferentes entre os olhos.

-Dizer que usar o computador prejudica os olhos é mito. O uso excessivo pode, sim, cansar. O computador provoca um fascínio nas pessoas, então ela fica muito tempo na frente. O ideal é usar de 50 minutos a uma hora e descansar dez minutos. Se a pessoa tiver um grau muito pequeno, imperceptível, usando o computador intensamente, ela pode sentir cansaço. Por isso é necessário usar os óculos em frente ao computador.

-Contrastes cansam mais. Então ler um texto escrito em papel branco com um fundo claro cansa menos que com um fundo escuro. Assim como ver televisão com a luz acessa cansa menos que com a luz apagada.

-Quando fazemos uma leitura intensa, diminuímos a freqüência em que piscamos, por isso o olho pode ficar seco, mas não prejudica a vista.

-A leitura no escuro, em carros, metrô, ônibus, não prejudica em nada a vista. O que ocorre é que algumas pessoas têm labirintite e sentem-se mal lendo em movimento.

-Presbiopia (não conseguir enxergar com nitidez objetos próximos) ocorre com o envelhecimento, começando geralmente aos 40 anos, não surge por causa do uso de óculos. Óculos não viciam, são apenas próteses para enxergar melhor.

E para quem quer ter uma boa visão, o oftalmologista dá algumas dicas:

-Todos os cuidados com a saúde são importantes, pois os olhos fazem parte do organismo e qualquer problema pode afetar a vista.

-Nunca colocar as mãos sujas nos olhos, pois a maioria das conjuntivites, por exemplo, vem do próprio paciente.

-Qualquer anomalia nos olhos, procure um oftalmologista.