quinta-feira, 10 de abril de 2008

Formigas domésticas: perigo para a saúde



Esses insetos contaminam alimentos e ambientes e podem causar doenças

Por Thaís Bronzo


Quem nunca ouviu a fábula “A cigarra e a formiga”, na qual a primeira passou o verão inteiro cantando na copa de uma árvore enquanto a outra juntou alimento para a estação mais fria do ano? São histórias como esta que fizeram da formiga símbolo de trabalho e esforço. Mas a realidade nem sempre se parece com os contos de fadas.

Atualmente, existem mais de 11 mil espécies de formigas catalogadas no mundo, de acordo com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Somente no Brasil, são mais de 2 mil. Destas, somente 20 a 30 são consideradas pragas, as outras têm um papel extremamente importante. “Elas, por exemplo, ajudam na aeração do solo e na reciclagem de material orgânico”, explica o biólogo e diretor executivo da Associação Paulista dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (APRAG) Sérgio Bocalini.

As espécies consideradas pragas são as formigas cortadeiras e as formigas domésticas. “Existem dois tipos de formigas urbanas: as domiciliares, que se abrigam em casas ou escritórios; e as peri-domiciliares, que constroem o ninho do lado de fora da casa e só entram na casa para se alimentar”.

Apesar da aparência limpa, as formigas domésticas passam por lugares contaminados, como lixo e esgoto, e podem infectar alimentos e ambientes com agentes patogênicos, ou seja, organismos que causam doenças. “Principalmente doenças relacionadas com desarranjos gastrointestinais, como diarréia e vômito”, alerta Bocalini. “Além das picadas, que podem causar reação alérgica em algumas pessoas”, diz.

A proliferação das formigas ocorre quando há disponibilidade de alimentos e abrigo. “Então, basicamente, ter cuidado com a higiene e manter a organização: evitar deixar lixo aberto, restos de alimentos e resíduos pela casa”, explica. Por serem pequenas, as formigas são ágeis e se instalam facilmente em paredes com tijolos vazados, frestas, vãos e janelas e também em equipamentos eletrônicos, principalmente televisão e computador. Por isso, o início de uma infestação nem sempre é notado.

Quando as formigas já fixaram lar, o controle se torna mais difícil. Um dos erros mais comuns no combate a esta praga urbana é o uso de inseticida em spray. “Apenas 15% das formigas que formam a colônia ficam fora do ninho. O inseticida só mata essas formigas. As outras, ao perceberem a presença de produtos contra elas, irão se dividir e formar novos formigueiros”, alerta Bocalini.

Uma das soluções mais eficazes é a contratação de uma empresa especializada no controle de pragas. “O contratante deve ficar atento se a empresa tem alvará de funcionamento expedido pelo Centro de Vigilância Sanitária”, ressalta. “A empresa também tem que ter um técnico responsável com especialização, podendo ser: biólogo, agrônomo, engenheiro florestal, veterinário, químico ou farmacêutico. Além de apresentar uma relação de produtos que serão utilizados no local”, conclui Bocalini.

Dicas caseiras

Outro jeito simples e eficaz de evitar essas visitantes indesejadas é cultivar um pequeno canteiro com plantas como menta, lavanda, manjerona, absinto e cravo-da-índia, que exalam um cheiro que as formigas não gostam.

A artesã Elizete de Oliveira Pereira encontrou outra solução para acabar com as formigas. “Quando vejo algum rastro de formigas e encontro aquele buraquinho indesejável em algum rejunte do azulejo, pego detergente e jogo lá com uma seringa. Elas morrem todas. Depois eu passo rejunte por cima para tapar esse buraco”.

A aposentada Giuseppa Malandrino também teve problemas com formigas em sua casa. “Além do remédio específico para matar formigas, isolei os potes com alimentos em assadeiras com água, já que esses insetos não atravessam líquidos, e coloquei o açúcar e os doces na geladeira”.

Mesmo seguindo as recomendações, Elizete e Giuseppa não esquecem de ficar atentas para que as formigas domésticas não voltem às suas casas.