segunda-feira, 7 de abril de 2008

É virose!



Mas você sabe o significado desta palavra tão utilizada nos dias de hoje?

Por Thaís Bronzo

Quem, pelo menos uma vez, ao sentir-se mal, não foi ao médico e ouviu o seguinte diagnóstico: “É virose”? De tão utilizado, o termo parece não surtir mais efeito entre os adoentados. Como é o caso de Delmária Rocha Santos Silva, mãe de Matheus Santos Fernandes Silva, de 11 anos. “Ele já teve várias. Sempre que eu o levava ao médico, era virose. Mas eu queria saber o que era, questionava”, lembra Delmária.

Com Maria de Fátima Morais da Silva, mãe de Kenedy Daniel Morais da Silva, de cinco anos, não é diferente. “Eu sou meio assustada, ficava com receio do diagnóstico e com medo dele não melhorar”.

Afinal, o que é a tal virose?

A virose nada mais é do que uma doença provocada por vírus. Segundo a infectologista do Instituto Central do Hospital das Clínicas, Thaís Guimarães, o vírus é uma classe especial de microrganismos que parasitam determinadas células do organismo, fazendo com que elas deixem suas funções habituais e passem a trabalhar formando novos vírus. “Os vírus não apresentam constituição celular e sim uma cápsula protéica e um ácido nucléico: o DNA ou RNA. É importante dizer que os vírus não possuem um sistema interno que possa dar conta de si mesmos e de se replicarem. Por isso, tais organismos necessitam induzir outro ser vivo a fazer isso por eles”, explica.

Esses vírus são capazes de provocar diversas doenças, desde um simples resfriado, uma gripe, doenças exantemáticas da infância, como sarampo, rubéola, catapora e caxumba, até doenças mais graves que podem levar à morte, como AIDS, raiva, dengue, febre amarela e as hepatites.

Ainda de acordo com a infectologista, as viroses mais comuns para a população são:
-as viroses respiratórias que podem ser causadas por adenovírus, rinovírus, coronavírus e provocam conjuntivite, resfriados e problemas respiratórios em geral; e
-as viroses intestinais que podem ser causadas por enterovírus e provocam diarréias.

As viroses são transmitidas de uma pessoa para outra por meio das secreções das vias respiratórias, como acontece com a gripe, a catapora, o sarampo e a rubéola; e das mãos e materiais contaminados com secreções e excreções, é o caso das hepatites, das diarréias e das gripes. “Os vírus não resistem muito tempo ao ambiente externo. Por isso, o contágio pode ser evitado por medidas bastante simples: lavar as mãos antes das refeições, após assoar o nariz, ir ao banheiro e assim por diante. O melhor tratamento para as viroses é a prevenção do contágio e a manutenção de um sistema imunológico saudável”, ressalta a infectologista.

Como tratar?

Ainda mais estranho, pelo menos para Delmária e Maria, do que o próprio diagnóstico genérico, é o tratamento. “O médico disse para manter a hidratação com água de coco e uma alimentação saudável, pediu para não diminuir as refeições, só evitar comidas pesadas”, recorda Delmária. “Ele deu soro na veia para o meu filho e disse para dar soro caseiro e comidas leves”, diz Maria. “Por não receitar remédio, fiquei preocupada. Será que vai curar mesmo sem remédio, sem nada? E melhorou”, completa Delmária.

A infectologista explica que, em geral, não se usam medicamentos antivirais, já que estes são reservados para doenças mais graves, como a AIDS e as hepatites. “Utilizam-se apenas remédios sintomáticos e aqueles voltados para o tratamento das complicações decorrentes de uma virose, como o uso do soro no caso de diarréia. Além disso, recomendam-se uma boa alimentação e o repouso no caso de gripes. O nosso sistema imunológico se encarrega, então, de eliminar os invasores”, garante. As viroses costumam acabar no período de uma semana.

E para quem pegou uma virose, dessas que andam atacando por aí, a infectologista recomenda apenas:
-repouso;
-boa alimentação;
-ingestão de uma grande quantidade de líquidos;
-ingestão, se necessário, de antitérmicos e descongestionantes; e
-se os sintomas persistirem, por mais de uma semana, consultar um médico.