quinta-feira, 10 de abril de 2008

Você tem anemia?

Doença atinge quase um terço da população mundial

Por Thaís Bronzo

A anemia é muito mais comum do que se pode imaginar. A estimativa é que dois bilhões de pessoas no mundo sofram com esta doença, mas poucos sabem que a possuem.

A anemia atinge principalmente crianças, mulheres e idosos e se caracteriza pela diminuição de glóbulos vermelhos e da quantidade de hemoglobina no sangue, afetando o transporte de oxigênio dos pulmões para todos os órgãos do corpo.

Os tipos mais comuns desta doença são as anemias carenciais, isto é, causadas pela falta de um ou mais nutrientes essenciais para a produção da molécula de hemoglobina ou para a maturação do glóbulo vermelho, como ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas. “Dentre as anemias carenciais, temos a anemia ferropriva, por deficiência de ferro, causa mais freqüente de anemia no mundo”, afirma o hematologista Gustavo Betarello.

“O sintoma mais comum é a palidez, pois ocorre um descoramento do sangue. Provoca também fraqueza, pela falta de oxigênio aos órgãos”, explica a nutricionista Patrícia Nakasone Uchima. Outros sinais relacionados à anemia são: cansaço, inapetência, tontura, mal-estar, dor de cabeça e nas pernas e queda de cabelos. “Em casos mais graves, os pacientes podem apresentar falta de ar, dor torácica e manifestações neurológicas semelhantes a um acidente vascular cerebral”, completa Betarello.

A anemia pode trazer conseqüências negativas para a vida pessoal e profissional do indivíduo, como diminuição da capacidade de aprendizado, do rendimento no trabalho e nas atividades físicas, retardamento do crescimento, e, em casos mais graves, comprometer as funções cardíaca, renal e cerebral.

A doença pode ser diagnosticada por meio de um hemograma. “Muitas patologias crônicas inflamatórias e algumas neoplasias, inclusive leucemias, podem apresentar como sua primeira manifestação uma anemia, tornando-se necessária a investigação da causa da anemia para o seu correto tratamento”, alerta Betarello.

O tratamento de uma anemia depende de sua causa e gravidade, mas uma alimentação variada pode tratar e até prevenir o aparecimento desta doença. “No caso da anemia ferropriva, é necessário ingerir alimentos ricos em ferro, como, por exemplo, alimentos de origem animal – carnes, principalmente fígado – e de origem vegetal – feijão, grão-de-bico, lentilha”, explica Patrícia, que também ressalta a existência de alimentos enriquecidos com ferro no mercado alimentício. “Porém, não basta somente ingerir estes alimentos, pois o ferro não é totalmente absorvido. Para isto, é importante também ingerir alimentos com alto teor de vitamina C, como laranja, acerola, abacaxi, pimentão, tomate”, completa a nutricionista.

Quem já teve

A nutricionista Luciana Zuolo Coppini descobriu que estava com anemia após realizar exames de rotina. “Mas já apresentava sintomas: cansaço, sono, perda de apetite, emagrecimento e feridas no canto da boca”, conta. “Para a minha vida foi muito chato, pois, como nutricionista, eu não podia apresentar isso, é difícil, mas tinha que reagir. Eu não estava bem, mas também eu não me cuidava, estava trabalhando muito e achava que era bobagem”. Mas não era: além de se alimentar melhor, Luciana teve que ficar internada para receber ferro endovenoso.

A jornalista Vivian Zeni também conheceu a doença de perto. “Descobri que tinha anemia aos 12 anos. Fazia muita atividade física e comecei a sentir fraqueza durante os exercícios. Sentia muita tontura durante todo o dia”, relembra.

Ainda mais nova que Vivian, Maria Clara Lima Divetta, hoje com cinco anos, praticamente parou de comer quando tinha apenas dois anos. “Eu avisei a pediatra, que mandou fazer um exame de sangue completo. Nele, ficou diagnosticada a anemia”, relata a mãe Rita de Cássia de Lima.

Nos três casos, a cura da anemia veio com uma alimentação mais saudável. “Atualmente, faço todas as minhas refeições em casa, como mais carne, fígado, feijão, verduras de folhas verdes”, diz Luciana. “A pediatra pediu para fazer uma complementação alimentar com suplementos próprios para criança, além de dar mais legumes e verduras”, conta a mãe de Maria Clara. “Passei a ter mais disciplina em relação aos horários de alimentação e a fazer todas as refeições – geralmente eu pulava o café da manhã e, no jantar, tomava um suco ou iogurte. Passei também a comer frutas nos intervalos entre as refeições”, complementa Vivian.

“Por mais que a doença possa ser simples, não se pode menosprezá-la. É importante a realização do hemograma pelo menos uma vez ao ano”, conclui Betarello.