quinta-feira, 10 de abril de 2008

Mães para o que der e vier


Mulheres que enfrentam a maternidade sozinhas para defenderem quem mais amam: seus filhos

Por Thaís Bronzo


Ser mãe: o começo de uma nova vida, o início de um novo ciclo. Também significa transpor barreiras, enfrentar o mundo para fazer feliz quem mais importa: um filho. Assim é, principalmente, para as mulheres que encaram a maternidade sozinhas: as mães solteiras.

“Estou grávida”
Gravidez não planejada: geralmente é esta situação que leva muitas mulheres a terem seus filhos sem a ajuda dos companheiros. É o caso de Roseli Pires, de 21 anos, mãe de André Ricardo. “Engravidei com 17 anos, do meu então namorado. Namorávamos havia pouco tempo. Foi uma gravidez inesperada, apesar de que sabíamos que poderia acontecer”, relembra.

Renata Zucher, de 27 anos, mãe de Luiza, também não esperava a maternidade. “Engravidei com 24 anos, de uma história que não era um namoro. Gravidez não planejada e que, mesmo tomando os cuidados necessários para evitá-la, aconteceu”, diz.

A reação
“Quando desconfiamos da gravidez, meu então namorado me disse que tudo bem, ele falaria com os meus pais, com os pais deles, a gente ficaria junto. Disse que o bebê seria um menino, que ele o ensinaria a jogar futebol, fez mil planos”, conta Roseli. “Mas depois ele começou a dizer que não queria um bebê, que era muito novo, 19 anos. Sugeriu que abortasse, mas recusei. Então ele começou a dizer que me deixaria e me colocou em uma posição onde eu teria que optar por ele ou pelo nosso filho. Não tive dúvidas, optei pelo bebê”.

Já Renata pensou em interromper a gravidez. “Minha primeira reação foi pensar em aborto, porque eu estava terminando o segundo ano da faculdade e pensava em nunca ter filhos. A reação dele, no início, foi de negar, mas depois ele queria o aborto e eu não quis”.

Decisão: ser mãe solteira
A decisão de criar, cuidar, educar sozinha uma nova vida que está chegando ao mundo não é fácil.

Roseli encarou a maternidade como uma responsabilidade que tinha de assumir e assim fez. “Minha mãe logo soube e me deu muito apoio. Continuei estudando e tive muito apoio dos colegas. Contei para os pais do meu ex-namorado e tive apoio deles também”.

“A partir do momento que decidi continuar grávida, resolvi ser a melhor mãe que poderia ser e é assim que faço até hoje”, conta Renata. “Meus pais aceitaram numa boa, me apoiaram nas decisões que tomei e continuei morando com eles. Já os amigos fizerem festa e ela se tornou a mascote da turma, indo com a gente para todo lugar”.

Mesmo com toda aceitação e apoio, não ter um companheiro com quem dividir as alegrias e as descobertas dessa nova fase da vida do homem e da mulher faz falta. “Passei uma gravidez solitária. E tinha uma esperança de que depois que nosso filho nascesse, o pai dele se arrependesse e voltasse para mim. Mas não foi isso que aconteceu”, lembra Roseli.

Cadê o papai?
Passados nove meses, Roseli e Renata estavam na sala de parto com André Ricardo e Luiza, respectivamente, nos braços. Esta data também marcou o relacionamento entre essas mamães e os papais de seus filhos.

“O André Ricardo tem contato com o pai praticamente desde que nasceu. Quando era menor, o pai e os avós paternos iam visitá-lo, depois que ele tinha uns oito meses, começaram a levá-lo para passear e dormir lá”, conta Roseli. “A rotina agora é um fim de semana comigo, um fim de semana com eles”.

Renata também não escondeu de Luiza quem é o seu pai. “Ela sabe quem é o pai dela, o conhece e ele de vez em quando vem vê-la, além das datas especiais, como Natal, aniversário”.

Mãe x Mulher
Além da maternidade, as mães solteiras não podem esquecer que antes de tudo são mulheres e têm todo o direito de refazerem suas vidas amorosas.

“Eu passei quase três anos sem namorar direito, só com ‘paquerinhas’ rápidas. Porque era condição essencial que os pretendentes gostassem do meu filho, não precisaria sustentar, porque eu já trabalhava e tinha o meu salário, mas precisava gostar e estar disposto a educá-lo comigo mais tarde”, relembra Roseli. “Eu sou casada há dois anos com outra pessoa e desde o primeiro dia disse que tinha um filho, na época com um ano e dez meses. Ele disse que pai não é aquele que faz, é aquele que cria. E assim foi. Meu filho diz a todos que tem dois papais e chama meu marido de papai também. Somos muito felizes e estamos esperando outro filho. Será o nosso segundo, pois o meu filhote é o nosso primeiro, meu marido quem diz isso”.

Melhor mãe do mundo
E para quem está passando por uma situação parecida com a de Roseli e Renata, aqui vão algumas dicas.

“A maternidade é de longe o maior aprendizado na vida de uma mulher, você tem a chance de ser uma pessoa melhor, só para dar um bom exemplo pro teu filho. Não perca essa chance. Você se realiza vendo seu filho se tornar uma criança bem educada, feliz e consciente”, garante Roseli. “É a melhor coisa do mundo chegar em casa e meu filho me dar um abraço apertado e me chamar de ‘princesa’. E o último conselho: nem todos os homens são iguais. O que te fará feliz pode não ser o pai do seu filho, então desencane se ele te deixar. Curta seu filho e fique tranqüila que o que é teu, chegará até você”.

“Namoros, estudos, trabalho, sempre estarão aí para serem realizados, mas reviver a infância de uma criança que saiu de você, é algo que só acontece uma vez”, diz Renata.

As histórias podem ser parecidas, os desfechos nem sempre são os mesmos, mas a recompensa, esta sim, não há nada que pague!