sexta-feira, 11 de abril de 2008

Meio ambiente: cuidar está em nossas mãos


Educação ambiental transforma conceitos em atitudes para que todos saiam ganhando

Por Thaís Bronzo

Para você, leitor, o que significa meio ambiente? Vastos campos, com vegetações, cachoeiras, pássaros? Pois saiba que a definição de meio ambiente hoje é mais abrangente. De acordo com a técnica em educação ambiental do Departamento de Educação Ambiental Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Rachel Marmo Azzari, deve-se levar em conta tudo que envolve os seres vivos, portanto, as construções, as ruas, a tecnologia, as artes, a religião, a política. “A relação do homem com o meio ambiente é muito mais de cuidado do espaço onde está inserido, tomando ciência que cada ação que realizamos localmente tem efeito global, podendo contribuir tanto para o agravamento quanto para a melhoria da situação ambiental atual”, afirma.

O presidente da Comissão do Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil, secção de São Paulo (OAB/SP), Carlos Sanseverino, lembra que o planeta tem recursos naturais que estão acabando, porque o ser humano consume mais do que a natureza é capaz de produzir para se manter. “O planeta está dando sinais de que precisa de cuidados e só há um caminho para reverter isso: cuidar da Terra”, alerta.

E uma das maneiras de ajudar o nosso planeta é colocar em prática a educação ambiental. A definição para isso é muito abrangente e dinâmica, mas, basicamente, trata-se de uma série de processos que levam à formação de cidadãos que entendem o ser humano como parte integrante da natureza e entendem a Terra em suas diversas interligações. “A partir disso, busca-se a mudança de atitudes, agindo conscientemente em prol da preservação e sustentabilidade dos recursos, com o objetivo de se obter a melhoria da qualidade de vida para todos, garantindo-a para as gerações futuras”, ressalta Rachel.

“A partir da visão de integração do homem com a natureza e do fato que somos diretamente afetados por todas as nossas ações, as pessoas passam a atribuir maior valor ao meio ambiente, partindo para uma mudança comportamental”, garante Rachel. Tudo o que exige mudança de comportamento, visando atitudes que melhorem o meio ambiente, é competência da educação ambiental. “Assim, a redução do volume de resíduos através da coleta seletiva para reciclagem, o uso racional da água e o consumo sustentável, por exemplo, são novas formas de agir com relação a recursos naturais que muitas vezes não prestamos atenção que estamos usando indiscriminadamente e desperdiçando”.

Como diz o ditado: educação vem de berço. Assim, os pais devem servir de exemplo para seus filhos. “Para tanto, devem agir de acordo com a nova consciência ambiental. Por exemplo: se pedem aos filhos para diminuírem o tempo do banho para economizar água e energia - ambos recursos naturais - devem também tomar banhos rápidos, para darem credibilidade a essa atitude. Da mesma forma, dizer aos filhos que é importante usar bem a água, mas lavam o carro ou a calçada com a mangueira, desperdiçando água potável e tratada, é um comportamento que não condiz com uma postura de interesse em preservar para os filhos um ambiente com boas condições de sobrevivência”, explica Rachel. “As pessoas tem que saber que um litro de óleo jogado na pia contamina um milhão de litros de água. Além disso, optar por materiais biodegradáveis e não por plástico, que demora muito para se decompor, usar bicicletas ao invés de automóveis, incentivar as crianças a plantarem”, enumera Sanseverino.

E como educação tem tudo a ver com escola, as instituições de ensino também têm um papel importante para o meio ambiente, ao abordar a temática ambiental em todas as suas disciplinas. “No entanto, não devemos colocar apenas nas crianças ou nas ‘gerações futuras’ a responsabilidade de se recuperar e preservar o meio ambiente, devemos começar agora, cidadãos do planeta Terra, de todas as idades, religiões e atividades”, adverte Rachel.

Rachel explica que por meio de ações como palestras, oficinas, divulgação em mídias e até apresentações lúdicas, a educação ambiental visa sensibilizar a população sobre a situação ambiental que enfrentamos e ao mesmo tempo mostrar como é possível e significativo cada um fazer a sua parte para que o planeta seja beneficiado. “Diz-se que é um trabalho de ‘formiguinha’, levando em consideração que um sistema com todas suas interligações funciona perfeitamente quando cada um dá sua contribuição”.

“A educação ambiental vem como instrumento para transformar os conceitos que grande parte da população já sabe em atitudes onde todos saem ganhando. Cuidar do meio ambiente é bom para o mundo todo; e, se é bom para o mundo, é bom para todos que estão nele”, finaliza Rachel.